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A Geração do Futuro: Por Que Nossas Meninas Parecem Mais Preparadas? Uma Reflexão Essencial.

Como especialista em Inteligência Emocional e Analista Comportamental, e com mais de 17 anos de experiência na gestão de equipes, tenho observado uma tendência que me inquieta e, ao mesmo tempo, me motiva a aprofundar a reflexão: a crescente percepção de que, em muitos aspectos, as mulheres jovens e adultas demonstram uma vantagem significativa no ambiente profissional quando se trata de inteligência cognitiva e emocional, comunicação e capacidade de conexão social rápida, em comparação com os homens.

Essa não é uma generalização vazia, mas uma observação pautada na prática diária, no contato direto com talentos e no acompanhamento de trajetórias. E o mais intrigante para mim é a forte ligação que vejo entre essa realidade e a forma como estamos criando nossos filhos e filhas.

Vamos mergulhar nas perspectivas da psicologia, neurociência e psicanálise para entender o que pode estar por trás dessa dinâmica e, mais importante, como podemos construir um futuro mais equilibrado.

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Desvendando as Raízes: Psicologia, Neurociência e Psicanálise

A resposta não é simples, nem reside em diferenças biológicas intransponíveis. Ela está, em grande parte, na intrincada teia de socialização, expectativas culturais e desenvolvimento psicossocial que molda nossos meninos e meninas desde a mais tenra idade.

  1. A Lente da Psicologia e da Socialização de Gênero: Desde cedo, somos imersos em narrativas e expectativas de gênero. Meninas são, muitas vezes, incentivadas a explorar suas emoções, a comunicar seus sentimentos e a valorizar a cooperação e o cuidado. Seus jogos frequentemente envolvem negociação, empatia e construção de relacionamentos. Por outro lado, para os meninos, a pressão para serem "fortes", "independentes" e para "não chorar" é imensa. Essa socialização pode levá-los a reprimir emoções, a focar na competição individual e a ver a busca por ajuda ou a expressão de vulnerabilidade como fraquezas. O resultado? Uma restrição no desenvolvimento da alfabetização emocional e das habilidades de comunicação interpessoal.

  2. O Olhar da Neurociência: Plasticidade Acima de Tudo: É verdade que a neurociência aponta para diferenças no ritmo de maturação cerebral entre meninos e meninas, como o desenvolvimento mais lento do córtex pré-frontal em meninos, área responsável pelo planejamento e controle de impulsos. No entanto, o mais crucial é a neuroplasticidade. Nosso cérebro se adapta e se molda de acordo com as experiências. Se a criação e o ambiente não estimulam ativamente o desenvolvimento de habilidades emocionais e sociais em meninos, essa diferença de ritmo pode se acentuar, mas não é um destino. A forma como interagimos com as crianças e as experiências que lhes proporcionamos têm um impacto direto nas conexões neurais e nos caminhos de desenvolvimento.

  3. Os Sussurros da Psicanálise: Conflitos e Identidade: A psicanálise nos ajuda a entender as dinâmicas inconscientes. A formação da identidade masculina, em algumas abordagens, envolve um processo complexo de "separação" da figura materna e identificação com o pai. Se esse processo levar à valorização excessiva da autonomia e à desvalorização da interdependência ou da exploração emocional (associadas, talvez, à figura feminina), isso pode resultar em uma resistência inconsciente a formas de crescimento que exigem introspecção e conexão emocional profunda. Mecanismos de defesa, como a negação de sentimentos "indesejáveis", podem ser mais atuantes, dificultando o confronto com o próprio "eu" e o engajamento no desenvolvimento pleno.


A Criação dos Nossos Filhos: O Epicentro da Mudança

O ponto central de toda essa reflexão, e que me parece ser a chave, é a criação de nossos filhos. As mensagens que enviamos, as validações que oferecemos e os exemplos que damos moldam a base de quem eles se tornarão:

  • Validação Emocional: Meninas são frequentemente mais validadas ao expressarem tristeza ou medo ("Venha cá, me conte o que sente"). Meninos, por vezes, são instruídos a "engolir o choro" ou a "serem fortes". Essa diferença cria um abismo na forma como lidam com suas emoções.

  • Incentivo à Comunicação: O diálogo aberto sobre sentimentos e experiências é crucial. Se incentivarmos ambos os gêneros a verbalizar, a negociar, a ouvir ativamente, estaremos construindo comunicadores mais eficazes.

  • Modelos de Papel: Precisamos urgentemente de modelos masculinos que demonstrem força na vulnerabilidade, inteligência na empatia e liderança na colaboração.

  • Brincadeiras e Estímulos: É fundamental que tanto meninos quanto meninas tenham acesso a brincadeiras que desenvolvam habilidades sociais, emocionais, cognitivas e físicas de forma equilibrada.


O Nosso Chamado à Ação

Essa observação não é para apontar dedos, mas para nos convidar a uma reflexão profunda. Como pais, educadores, gestores e membros da sociedade, temos o poder de redefinir o que significa ser "forte", "capaz" e "bem-sucedido".

Minha missão como especialista em Inteligência Emocional é justamente essa: ajudar a ressignificar padrões. Ao trabalharmos a saúde mental dos filhos, ao oferecermos inteligência emocional para homens e mulheres, e ao desmistificarmos estereótipos em sessões de coaching para casais, pais e líderes, podemos construir uma geração de indivíduos que desenvolvem plenamente seu SER – em todas as suas dimensões.

Que possamos criar meninos e meninas capazes de florescer em sua plenitude, com inteligência cognitiva e emocional aguçadas, comunicação assertiva e uma profunda capacidade de conexão. O futuro de nossas relações, de nossas famílias e de nossas organizações depende disso.

 
 
 

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